Opinião: eSports nos Jogos Olímpicos?



A criação do Record Gaming foi um esforço pessoal para dar mais visibilidade aos videojogos e aos eSports, dos quais sou fiel seguidor. Tento dar espaço mediático a todos aqueles que competem de forma profissional neste novo universo e ajudo, sempre que possível, todos aqueles que pensam da mesma forma, seja a recém criada Bitzer, sejam YouTubers com vontade de puxar a comunidade para novos patamares ou até equipas de FIFA Pro Clubs.

Serve este preambulo para deixar bem claro que sou um fervoroso apoiante e seguidor de muito do que se faz dentro e fora de Portugal a bem dos eSports. Contudo, está a ser complicado para mim aceitar com tranquilidade que os videojogos e a sua componente desportiva se tornem parte de um evento glorioso como os Jogos Olímpicos.
Tive o prazer de cumprir um sonho de criança quando fui destacado pelo Record para ser o enviado especial do jornal aos Jogos Olímpicos de Londres. 23 dias de trabalho intenso, mas normalmente de sorriso nos lábios, porque afinal estava no maior evento desportivo do globo. Estiquei o microfone ao Usain Bolt, acompanhei o torneio de ténis em Wimbledon (!), cruzei-me com Neymar (esse mesmo) e Hulk no torneio de futebol, fiz passeios com os nossos campeões portugueses e respirei o espírito olímpico como poucos tem a possibilidade de fazer.

Acho que passei a dar ainda mais valor a todos aqueles que passam anos e anos a treinar, comer e dormir, sempre com o férreo objetivo de melhorar uma marca, reduzir um tempo, levantar mais uns quilos ou vencer todos os adversários. São anos de trabalho, de estudo, de treino e sempre com os olhos a focar as próximas olimpíadas, onde todos querem o mesmo – subir ao mais alto patamar do pódio.

E depois olho para o universo dos eSports. Malta cheia de talento, que provavelmente treina tantas horas quanto os campeões olímpicos, que provavelmente sofre tanto com a ausência da família e dos amigos como os desportista "a sério" e que também terão lesões, momentos de desespero e dificuldades que pouco imaginam.

Contudo, colocar integrantes dos eSports no mesmo patamar dos desportistas profissionais é, para mim, completamente inconcebível. Chamar eSports à competição em videojogos é simpático, foi uma criação ardilosa e que funciona na perfeição. Alguém que encara os jogos como uma profissão ou como um desporto. Não me choca a denominação. Mas querer colocar jogadores de LOL, DOTA e afins na Aldeia Olímpica, junto às respectivas comitivas dos países, como se fossem atletas de alto rendimento, deixa-me completamente louco.

E não vale a pena surgir a argumentação de que o xadrez é desporto e que andar em carros de alta cilindrada à volta de circuitos é desporto. Para mim não são nem nunca foram. Tal como "tiro desportivo" me parece uma criação apenas ao nível de "espancamento fofinho" ou "o grandão baixinho". As armas são para os polícias e ponto. Mas isso são outras discussões, para outras núpcias. Por agora centro-me nestas...

Continuarei a ser um fiel seguidor do que se vai passando no universo dos eSports, continuarei a dar espaço a quem anda a competir e a fazer do movimento algo cada vez mais forte, como é exemplo a reportagem desta semana com o FC Paços de Ferreira eSports, que adorei fazer. Mas levar videojogos para os Jogos Olímpicos é para mim algo despropositado e até revoltante.

Agora odeiem-me! Ou abram os olhos...

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